Esse é um baú que vai ser preenchido durante o ano de 2017, que serve como um álbum de fotos e um diário de momentos. Como somos do tamanho dos nossos sonhos, esse aqui é um canto de poesia que preencho para no futuro poder revive-los.
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
a música brasileira ensinada pelo negro
da sua não fonte
minha vida
Eu to pouco me fudendo pra voces. Que no momento mais desesperador me tiraram do apartamento meu. Era a minha unica esperança.
2018. Eu esperei pela minha maioridade para poder visitar meu pai, o qual eu já não via a 10 anos.
Em 2017 eu perdi 70% da minha audição. Em 2018 fui obrigada a assinar um processo contra o meu pai. Sofri tortura psicológica. Minha mãe falava que nunca mais iria falar comigo caso eu não assinasse. Em 2019 comecei a ter crises de panico extremamente fortes, não conseguia mais sair na rua. Foi o momento que eu justamente, tentei sair de vez. Sem ter força nenhuma. Sofrendo de crise de panico. Que eu assinei um contrato alugando um apartamento do lado da minha Universidade federal. Minha mãe me perseguiu. Tirou minhas Chaves. Meu passaporte. Tirou minha identidade. Fez crer que eu era culpada de tudo e estaria estragando a minha vida. Tive de recuar no apartamento a medida que eu não conseguia me sustentar sozinha com meu panico. Me vi presa no lugar que me fazia crer que eu era errada, presa num apartamnto com a minha mãe. Sem o apoio de quem me ajudava inicialmente. Minha tia, que antes me ensinava o que deveria fazer morando sozinha, me dando dicas de lista de gastos, agora tirava o meu violão do meu apartamento, o meu difusor de aroma da minha casa. Minhas roupas e malas.
No meio disso tudo, dormia alguns dias em um hostel. Me sentia uma refugiada de mim mesma, tentando lidar com a culpa que colocavam em mim.
Minha mãe nesse momento me proibia de ver meu namorado em são Paulo. Minha primeira conquista foi essa.
Conquista de dois lados. Uma de provar a mim mesma que conseguiria sobreviver a uma crise de panico que fazia me sentir morrendo, em um avião. A segunda de que eu era forte o bastante. E nada me pararia. Foi o primeiro passo para eu ver o meu pai.
Na minha volta, eu comprei uma passagem escondida para a Alemanha. Teve um dia que eu precisei ir para o hospital tomar soro. Foi o momento que achei que eu estaria morrendo.
Minha mãe criou uma situação extremamente difícil na qual tudo o que eu fazia eu me sentia culpada. Eu estaria estragando a minha vida.
Eu fui para a Alemanha. Apesar de tudo. Passei 2 semanas com o meu pai.
Quando voltei, para minha universidade, meu trabalho no Museu, meu coral eu percebi que não teria paz. As crises voltaram, o cerceamento, a chantagem. Viver duas semanas fora me fez não aguentar mais nem uma gota dentro. Me mudei do dia pra noite para são paulo. Contei para minha mae quando já estava lá. Fui apenas com uma mochila e meu computador e rezando para o impossível para sobreviver a uma crise de panico. E de la nunca mais voltei. Vivi um ano com meu namorado.
biografia
eu me tornei minha
pensamentos
entrar no avião
analgésicos
pagamentos de conta
lugar que te maltrata
terça-feira, 24 de novembro de 2020
o nome
escreva pequena menina
o pássaro dentro do meu Leão
lua
Rio do amanhã
sábado, 21 de novembro de 2020
Eu me sinto arte.
Eu estava pensando sobre o que é arte. O que é um artista.
Eu não vou fazer uma arte que faça sentido, porque o mundo não faz sentido.
A arte é a forma mais sutil de esperança.
Um artista não consegue aceitar apenas a realidade.
É difícil ser um artista, porque somos mais sensíveis, sentimos mais.
E eu, se antes de ser cantora, era artista.
Uma artista não produz apenas uma obra, uma música. Ela desencadeia uma visão.
É difícil para mim olhar para mim mesma. Ver as dores. Ver tudo o que você tem. Os abismos. Tudo o que passou. Alguém aqui dentro grita.
É difícil para você estar sozinha. Porque você sente que não vai aguentar. E é um exercício.
E talvez por agora não aguente mesmo. Você viveu muita coisa. Seja gentil consigo mesma.
Se abrace. Se aceite. Olhe pra você e entenda todas as suas dores, as suas feridas. Eu me perdoo.
Meu nome é Linda Esperanza. Porque quando eu li eu soube.
Quando sua semente brota
Num nó que comemos da horta
aqui há de ser kuna libertaria
Aqui não nos desfazemos de flores
Quero poder cantar
Quero me garantir de arte
Arte aguça
Compartilha o ser
no circo do semeio
no grande balenceio
Encontros
Somos tudo o que pode ser feito
Integridade de um carnaval
Kuna ÉS um grande encontro
Encontro de almas
Nascemos de uma hortaliça
crescemos até a tua casa
Sonhamos numa utopia
cantamos só para o luar, pro novo dia raiar
arte-sanato
Cuidamos de todo o discurso
as 6 tem tem circo
Criamos a realidade
inventada
Somos o que fazemos para mudar o que somos