segunda-feira, 30 de novembro de 2020

a música brasileira ensinada pelo negro

A sociedade branca bebe, come e dança a cultura negra

Música é universal. O ritmo não. Ritmo é africano. 

Bossa nova tem um toque básico que vem da macumba. 
Ensinamos música brasileira sem ensinar os recursos de transmissão negra. 
Forma de transmissão é oral. Tecnologia. 
Tratamos dos simbolos europeus na hora de  falar de música África. 
Rapinagem. 
Acentos naturais. Não existe síncope. É o nosso natural. 
A música é negra. 
Barra de compasso não existe. Música é circular. 

Temos música brasileira, mas como podemos aprender música brasileira sem os negros ensinando? 
Oralidade - tecnologia 
Circular
Síncope é natural
Conectado com o sagrado

mudar o mundo

É possível mudar o mundo, Linda Esperanza? 
Sim, disse ela, com convicção. 

da sua não fonte

Você tentou ficar comigo 
Pois sabia que eu era a energia vital punjante 
E achou que poderia beber um pouco da minha fonte
Pra curar sua frustração no trabalho
E desenvolver uma longevidade da sua alma velha
Pois saiba que a minha energia vital
Não é ponto de abandono
E quanto você mais me toma, mais me mata
Minha energia é minha, e ninguém rouba de mim
E ninguém vai ser capaz de te rejuvenescer meu jovem
A minha força das profundezas vem de um lugar obscuro que eu tive que sair 
E onde eu ando eu a carrego comigo
Sou forte como uma árvore. Sou vital vomo o sol. 
E não me inveje. E não me roube. E não traga a sua frustração pra cá


Música de circo/piadista/criança/ukulele

minha vida

Eu to pouco me fudendo pra voces. Que no momento mais desesperador me tiraram do apartamento meu. Era a minha unica esperança.
2018. Eu esperei pela minha maioridade para poder visitar meu pai, o qual eu já não via a 10 anos.
Em 2017 eu perdi 70% da minha audição. Em 2018 fui obrigada a assinar um processo contra o meu pai. Sofri tortura psicológica. Minha mãe falava que nunca mais iria falar comigo caso eu não assinasse. Em 2019 comecei a ter crises de panico extremamente fortes, não conseguia mais sair na rua. Foi o momento que eu justamente, tentei sair de vez. Sem ter força nenhuma. Sofrendo de crise de panico. Que eu assinei um contrato alugando um apartamento do lado da minha Universidade federal. Minha mãe me perseguiu. Tirou minhas Chaves. Meu passaporte. Tirou minha identidade. Fez crer que eu era culpada de tudo e estaria estragando a minha vida. Tive de recuar no apartamento a medida que eu não conseguia me sustentar sozinha com meu panico. Me vi presa no lugar que me fazia crer que eu era errada, presa num apartamnto com a minha mãe. Sem o apoio de quem me ajudava inicialmente. Minha tia, que antes me ensinava o que deveria fazer morando sozinha, me dando dicas de lista de gastos, agora tirava o meu violão do meu apartamento, o meu difusor de aroma da minha casa. Minhas roupas e malas.
No meio disso tudo, dormia alguns dias em um hostel. Me sentia uma refugiada de mim mesma, tentando lidar com a culpa que colocavam em mim.
Minha mãe nesse momento me proibia de ver meu namorado em são Paulo. Minha primeira conquista foi essa.
Conquista de dois lados. Uma de provar a mim mesma que conseguiria sobreviver a uma crise de panico que fazia me sentir morrendo, em um avião. A segunda de que eu era forte o bastante. E nada me pararia. Foi o primeiro passo para eu ver o meu pai.
Na minha volta, eu comprei uma passagem escondida para a Alemanha. Teve um dia que eu precisei ir para o hospital tomar soro. Foi o momento que achei que eu estaria morrendo.
Minha mãe criou uma situação extremamente difícil na qual tudo o que eu fazia eu me sentia culpada. Eu estaria estragando a minha vida.
Eu fui para a Alemanha. Apesar de tudo. Passei 2 semanas com o meu pai.
Quando voltei, para minha universidade, meu trabalho no Museu, meu coral eu percebi que não teria paz. As crises voltaram, o cerceamento, a chantagem. Viver duas semanas fora me fez não aguentar mais nem uma gota dentro. Me mudei do dia pra noite para são paulo. Contei para minha mae quando já estava lá. Fui apenas com uma mochila e meu computador e rezando para o impossível para sobreviver a uma crise de panico. E de la nunca mais voltei. Vivi um ano com meu namorado. 

dos poemas da voz

biografia

Quando me perguntam quando comecei. Eu já sou artista Há muito mais tempo que eu sou cantora. Desde os 14 anos quando fazia teatro. 15 quando conheci a kuna libertária. Eu tinha uma amiga artista chamada kaindie. Queria ser escritora e poetista que nem a Bruna Vieira. No meio do caminho me disseram que eu sabia cantar. Comecei fazendo cover de música pop acústico com meu tio no violão. Meu negócio era interpretar a música. Isso mexeu comigo. 
Eu serei uma grande artista. Porque eu sei que tenho potência. Canto faz 3 anos. 

eu me tornei minha

Vamos falar de quando eu me tornei minha nas minhas músicas? 
De como estar sozinha andando é bom? 
De ver os detalhes das árvores? 
Sentir os ipes
O cheiro do ar? 
E sobre como isso nos desenvolve? 

pensamentos

Como montar uma carreira? 
Souza Lima parece as vezes ser feita apenas por homens, por pessoas que não se expressam. Instrumentistas. Não artistas 

Como eu descubro a minha voz? 
Achava que precisava aprender a cantar. Que engano. Preciso aprender a descobrir minha voz, meu estilo, meu timbre. 
Você é sua desde o momentos de ouvir folk na redencao
Desde os momentos de aprender artista de rua. 
De brilhar os olhos de uma sonhadora

entrar no avião

Você tenta ignorar toda a sua história porque assim você consegue entrar no seu avião. 

Você é sua desde o momentos de ouvir folk na redencao
Desde os momentos de aprender artista de rua. 
De brilhar os olhos de uma sonhadora

analgésicos

Você toma analgésicos como pessoas
E o tempo passa numa cascata
Porque você está anestesiada 
Pelo seu medo de ficar sozinha
Usando o mágico poder 
Da carência

eu sou quem queima e quem quebra

pagamentos de conta

2020. Foi um ano difícil. Foi um ano de reviravolta, de pagamento de Contas no sentido emocional. Acúmulo de uma vida. Me encontrei com o meu pai pela segunda vez. E moramos juntos. De um jeito que nunca moramos, depois de 11 anos. Tendo que encontrar minha história. Meus traumas. Meus analgésicos, com outros relacionamentos. Que na verdade só buscam um pai. 2020 ta acontecendo. É um momento horrível o que estamos passando como humanidade. Mas precisamos tirar disso algo novo. Um renascimento. Precisamos nos voltar para nós mesmos. Pois criamos uma crise capitalista-institucional da nossa sociedade. A sociedade mais industrializada esta sendo morta pelo invisível. E pra isso precisamos de conexao. Estamos Há muito tempo desconectados.... 
Tratamos todo e qualquer acontecimento coko normal. Perdemos nosso sentido de reação, de sentir, de cheirar. Somos (a) sentimentais. Pelo nosso cotidiano. E percebo que mesmo na arte, na faculdade de música Há esse sentimento. De assentimentalismo. 

lugar que te maltrata

Nunca volte para o lugar que te maltratou
Eu lembro que ele ficava regulando o quanto eu comia de chocolate. O quanto eu comprava de chocolate. Quando eu queria comer hambúrguer ou mcdonalds. Ele chegava a apertar as minhas dobrinhas do corpo e chamar de hamburguinho, por mais que eu pedisse milhares de vezes pra parar. Ele fazia eu me sentir como se tivesse engordando, e mais cheinha, e como isso fosse algo negativo. No fim das contas ele nunca quis um corpo de mulher. Pedia sempre para eu me depilar, e se eu não me depilasse ele não me chupava. Mas eu tinha que engolir. Quando estava menstruada nunca podíamos fazer sexo, porque sangue apavorava. Enfim. Umas das milhares e milhares de vezes que me senti menor em relação a ele. E hoje estando em uma outra relação percebo a diferença de ser tratada como alguém amada. As vezes nos submetemos a alguma situação, por achar que não existe nenhuma outra diferente. "Todos meus amigos brocham com sangue menstrual" E assim fui acreditando... 
Você só parou de ver porno por conta da sua própria performance. Era sempre isso que você estava preocupado. E frustrado do jeito que é, me colocava para baixo. 
O ápice chegou uma vez quando estávamos no shopping e ele comentou comigo como se sentia ofendido quando eu compartilhava todas essas coisas feministas. Porque ele achava que estava se dizendo a respeito a ele. Nesse momento eu fiquei receosa de ser quem eu era, repensei duas vezes antes de me aprofundar sobre um tema que tanto me liberta. 
Eu escrevo isso porque é uma forma de descobrir os lugares que eu me coloco. E porque não tenho mais medo. Estou me descobrindo. Quando sai da família abusiva que tinha em Porto Alegre eu comentei sobre isso, sobre como eu sofri com a violência, e lá veio um membro familiar dizendo para eu não expor. Eu vou expor. Enquanto eu souber que pode existir alguém solitária como eu, sem saber se o que acontece é "normal" Ou não

terça-feira, 24 de novembro de 2020

o nome

O nome é algo que complementa. Não um resumo. Não uma parte. É algo que sintoniza junto. Que poetiza em conjunto.

Mas como vai acabar? 
Do mesmo jeito que começou aos poucos. 

escreva pequena menina

Você tenta ignorar toda a sua história porque assim você consegue entrar no seu avião.

Escreva pequena menina. Veja essas pessoas sendo sangue sugas. Seja sangue suga de sua história. Perceba como é difícil viver a base de medos. Perceba como você tenta fugir de uma história que te enlaça e te sufoca. 
Tente ver isso como um dom. É o que os outros irão falar. 


o pássaro dentro do meu Leão

Vejo um pássaro em mim. E vejo um leão. Vejo a força e a voz. Vejo a opressão de uma familiar abusiva. Vejo a minha dependência em outros. Vejo a bruxa e a artista que há em mim. Vejo a minha ansiedade em querer o mundo em 2 segundos. Vejo eu fingindo prazer. Vejo eu fingindo eu te amos por quem não amamos. Vejo alguém que mudou pra sao Paulo sem nada, nem sonhos? Nem sonhos. 
Mas que foi capaz de esperançar. Pintar seus sonhos com a tinta seca que tinha

lua

Eu vejo a lua cantando pra mim. 
Enlouqueci? 

Amor x Instruções 
O meu amor é descartável? 
Ou é decomposto? 
Qual a lixeira para ele? 
Suas moléculas vão se decompor? 
Ou seria algo vivo? Devo esconder? 
Onde vai ser reciclado? 
Devo me preocupar com o destino do meu amor? 
Meu amor vai poluir outros lugares? 

Rio do amanhã

Vidas insalubres 
Você não pode falar a verdade pra ele
Porque isso te mataria
Mas você pode falar a verdade no meu ouvido
Pode fazer escorrer o Rio da manhã 
A bela confusão de dores com dom. 
Das quais eles dirão que nasceu com você
E eu o cultivei dentro com a minha surdez

sábado, 21 de novembro de 2020

Eu me sinto arte.

 Eu estava pensando sobre o que é arte. O que é um artista.

Eu não vou fazer uma arte que faça sentido, porque o mundo não faz sentido.

A arte é a forma mais sutil de esperança.

Um artista não consegue aceitar apenas a realidade.

É difícil ser um artista, porque somos mais sensíveis, sentimos mais. 

E eu, se antes de ser cantora, era artista. 

Uma artista não produz apenas uma obra, uma música. Ela desencadeia uma visão. 

É difícil para mim olhar para mim mesma. Ver as dores. Ver tudo o que você tem. Os abismos. Tudo o que passou. Alguém aqui dentro grita.

É difícil para você estar sozinha. Porque você sente que não vai aguentar. E é um exercício. 

E talvez por agora não aguente mesmo. Você viveu muita coisa. Seja gentil consigo mesma.

Se abrace. Se aceite. Olhe pra você e entenda todas as suas dores, as suas feridas. Eu me perdoo.

Meu nome é Linda Esperanza. Porque quando eu li eu soube.

 Quando sua semente brota

Num nó que comemos da horta

aqui há de ser kuna libertaria 


Aqui não nos desfazemos de flores

Quero poder cantar 

Quero me garantir de arte

Arte aguça 

Compartilha o ser 

no circo do semeio 

no grande balenceio 


Encontros

Somos tudo o que pode ser feito 

Integridade de um carnaval

Kuna ÉS um grande encontro

Encontro de almas



Nascemos de uma hortaliça

crescemos até a tua casa

Sonhamos numa utopia 

cantamos só para o luar, pro novo dia raiar



arte-sanato 

Cuidamos de todo o discurso 

as 6 tem tem circo

Criamos a realidade

inventada 


Somos o que fazemos para mudar o que somos