segunda-feira, 30 de novembro de 2020

lugar que te maltrata

Nunca volte para o lugar que te maltratou
Eu lembro que ele ficava regulando o quanto eu comia de chocolate. O quanto eu comprava de chocolate. Quando eu queria comer hambúrguer ou mcdonalds. Ele chegava a apertar as minhas dobrinhas do corpo e chamar de hamburguinho, por mais que eu pedisse milhares de vezes pra parar. Ele fazia eu me sentir como se tivesse engordando, e mais cheinha, e como isso fosse algo negativo. No fim das contas ele nunca quis um corpo de mulher. Pedia sempre para eu me depilar, e se eu não me depilasse ele não me chupava. Mas eu tinha que engolir. Quando estava menstruada nunca podíamos fazer sexo, porque sangue apavorava. Enfim. Umas das milhares e milhares de vezes que me senti menor em relação a ele. E hoje estando em uma outra relação percebo a diferença de ser tratada como alguém amada. As vezes nos submetemos a alguma situação, por achar que não existe nenhuma outra diferente. "Todos meus amigos brocham com sangue menstrual" E assim fui acreditando... 
Você só parou de ver porno por conta da sua própria performance. Era sempre isso que você estava preocupado. E frustrado do jeito que é, me colocava para baixo. 
O ápice chegou uma vez quando estávamos no shopping e ele comentou comigo como se sentia ofendido quando eu compartilhava todas essas coisas feministas. Porque ele achava que estava se dizendo a respeito a ele. Nesse momento eu fiquei receosa de ser quem eu era, repensei duas vezes antes de me aprofundar sobre um tema que tanto me liberta. 
Eu escrevo isso porque é uma forma de descobrir os lugares que eu me coloco. E porque não tenho mais medo. Estou me descobrindo. Quando sai da família abusiva que tinha em Porto Alegre eu comentei sobre isso, sobre como eu sofri com a violência, e lá veio um membro familiar dizendo para eu não expor. Eu vou expor. Enquanto eu souber que pode existir alguém solitária como eu, sem saber se o que acontece é "normal" Ou não

Nenhum comentário:

Postar um comentário